sexta-feira, 19 de novembro de 2010

Pesquisa aponta melhorias para formação de professores da educação básica

Correio Braziliense, 01/11/2010 - Brasília DF
Pesquisa aponta melhorias para formação de professores da educação básica
Estudo coordenado pela professora Leda Scheibe da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) faz um panorama dos cursos de pedagogia no Brasil e mostra problemas na formação de professores no ensino básico. Para ela, uma das principais deficiências é "o aligeiramento dos cursos" que decorre da grande demanda de profissionais. Segundo a professora, a multiplicaçãodos cursos de ensino a distância é outro fator que não colabora. "Existem muitos EADs de pedagogia e eles nem sempre são de qualidade" aponta. Além disso, a ampliação da educação fundamental para nove anos de duração em 2006 acarretou em uma mudança no ensino. Para Scheibe, a instrução dos pedagogos precisa ser adequada à nova modalidade.
A falta de variedade nos assuntos curriculares é outro problema. Poucoscursos se dedicam ao aprofundamento de modalidades como o ensino de jovens e adultos (EJA) e a educação indígena. A Secretaria de Educação Continuada, Alfabetização e Diversidade (SECAD), criada em julho de 2004, tem se preocupado em incentivar a especialidade dos profissionais para lecionar em ambientes diversificados. Um exemplo são as universidades federais de Santa Catarina, Bahia, Ceará e Minas Gerais onde já existe licenciatura em educação do campo, direcionada para a realidade específicados alunos da zona rural.
Ainda de acordo com a pesquisa, as grades curriculare s dos cursos noturnos são as mesmas dos cursos diurnos. Leda Scheibe defende que o ensino nosdois turnos deve ser diferenciado: "Pouco se pode contar com a mesma disponibilidade de tempo e dedicação dos alunos da noite". Em geral, quem estuda nesse horário são pessoas já inseridas no mercado de trabalho, principalmente professores da educação infantil. Esses profissionais estão ocupados durante o dia e desejam complementar sua formação estudando à noite. A solução seria prolongar o tempo do curso noturno, para que a qualidade do ensino não se perca. Para a Scheibe, nos últimos anos existe uma atuação maior das universidades e de políticas públicas para melhorar a formação dos professores da educação básica. "Vemos um empenho dos cursos em discutir o currículo, mas ainda é incipiente" afirma. Para ela a eleição de Dilma Rousseff para presidente trará a continuidade de programas criados no governo Lula, como bolsas de licenciatura a exemplo do ProUni e Prodocência.
As análises da formação de professores fazem parte da pesquisa "Avaliaçãoda implantação das novas diretrizes nacionais para os cursos de pedagogia" para um projeto financiado pela Unesco. Leda Scheibe é vice-presidente da Associação Nacional de Pesquisa e Pós-Graduação em Educação (ANPED) e seráhomenageada na próxima sexta-feira, 5 de novembro, com o prêmio Destaque Pesquisador UFSC 50 anos. Os resultados servem para avaliar as políticas educacionais brasileiras além de auxiliar o Conselho Nacional de Educação (CNE) no acompanhamento e revisão das diretrizes curriculares nacionais para os cursos de Pedagogia estabelecidos em 2006. Segundo a professora, muitos cursos ainda não se adequaram às novas regras, a maioria desses são de instituições privadas.

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